✶ CHAMADA DE TRABALHOS ✶
Encontro Internacional
Planejamento fugitivo e Estudos Negros:
experimentações críticas
29 e 30 de outubro de 2025
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Bahia – Brasil
Envio de propostas até 29 de agosto de 2025
Divulgação dos trabalhos selecionados em 05 de setembro de 2025
Se, em opacidade, a diferença não pode ser consumida ou extraída, talvez possamos criar uma ficção poética e conceitual em que “opaco” é uma das formas de dizer “quilombo”, e assumir, assim, que a encruzilhada da vida negra está situada sobre um labirinto de túneis que conduzem da plantação cognitiva à floresta e da floresta ao assentamento fugitivo.
Jota Mombaça, em A Plantação Cognitiva
Convidamos pesquisadoras, artistas, pensadoras, criadoras, ativistas, militantes e pessoas envolvidas com os estudos negros a enviarem propostas para o encontro indisciplinado Planejamento Fugitivo e Estudos Negros: Experimentações Críticas. Precedido por uma residência imersiva no Território Quilombola de Conceição de Salinas composta por algumas das organizadoras e convidadas - o encontro acontecerá na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com oficinas, giras, painéis e outros formatos de partilha e criação coletiva.
Convocamos a uma atmosfera de convivência e insurgência, buscando outras formas e propostas em relação ao caráter extrativista que insiste em se fazer replicável nas universidades. O encontro inspira-se nos undercommons / subcomuns / sobcomuns de Fred Moten e Stefano Harney e nas marés de lançamento de Elionice Sacramento, e convoca práticas que articulem saber, arte, política e território, como formas de viver e estudar em aliança espiralar, como nos ensina Leda Maria Martins. Nossa convocação é para
escrever espaço. Como narrar-representar-fabular aquilo que queremos que permaneça cuidado, seguro? Aqui queremos dialogar sobre as possibilidades e impossibilidades de representar o espaço enquanto algo imbricado, continuado em relação aos corpos vivos e não vivos que nele habitam. Tomando a escrita e/ou o mapa como a tradução em linguagem, em palavra, em imagem, daquilo que existe - a Coisa - convidamos para a troca sobre perigos e delícias de falar de territórios, lugares, corpos especializados e memórias localizadas. Como dizer o mundo que habitamos e compomos? Como pensar desde os nossos corpos, lugares e práticas, emaranhadas por economia do conhecimento, desobediência epistêmica e in-disciplina? Como nos des-envolvemos e desurbanizamos imaginários?
assentamentos fugitivos. Como nos implicamos com a invenção de (e com) formas-movimentos, ecologias, espaços, tempos, ritmos e modos de existir (inventados, improvisados) dentro e além das geografias da sujeição? Como variantar nas marés de luta por terra e território? Quilombos, cidades negras, poéticas, performances e estéticas radicais. Assentamentos fugitivos que dizem de um ‘senso negro de lugar’, um habitar que excede o valor e a propriedade, situando material e imaginativamente lutas históricas e contemporâneas de afirmação e defesa incessantes da vida dentro e além da mortalidade e da sujeição. Marés que avançam, recuam e se fazem de muitas retomadas.
desafiando o extrativismo e a infraestrutura anti-negra. As políticas extrativistas e de infraestrutura anti-negras não são unívocas. Longe de análises e teorias que tendem a totalizar a negritude na diáspora como mera experiência de violência e morte social, as histórias de dominação colonial e capitalista são pontuadas por lutas, atos de fuga, transgressão e evasão. Então, como colaboramos para sustentar os repertórios criativos de práticas de recusa que tem desafiado os projetos normativos liderados pelo Estado e pelo Capital? Como confabular e teorizar ações já existentes que contestam a norma proprietária e os lugares político-jurídico-econômicos pensados por e para o sujeito (branco) universal?
cartografias de rebelião. Como narrar e fabricar imagens do mundo a partir das insurreições negras que atravessam campos, cidades e portos? Como inscrever, em mapas, revistas, sinais e arquivos, histórias que recusam o apagamento e afirmam práticas contra-coloniais no mundo agrário e urbano? As rebeliões negras — visíveis e subterrâneas — não cessam de criar geografias próprias, rotas de fuga e territórios de vida, mesmo sob o peso da violência anti-negra e das formas renovadas de expropriação. Convocamos gestos de cartografar, registrar e inventar paisagens de luta que rompam com as fronteiras impostas, que se recusem a ceder à “desgraça coletiva”, e que apontem para mundos onde a liberdade é prática cotidiana.
escolas insurgentes. Aprender e ensinar como ato de rebelião. Escolas feitas de rios e remos, de plantações de cacau e saberes da terra, de salas improvisadas e universidades ocupadas, de cocares que carregam histórias, de quilombos educacionais na periferia e da educação básica que resiste na ponta da violência cotidiana. Espaços onde a pedagogia não se limita a currículos, mas se inventa nas marés, nas feiras, nas retomadas, nas assembleias e nas rodas. Convocamos experiências de ensino e aprendizagem coletivas e de partilha de saberes que, diante da violência anti-negra, indígena e popular, afirmam a reexistência. Aqui, aprender é conspirar; ensinar é tecer futuros.
MARÉS DE ESTUDO
Cada vez que ela tenta nos encerrar em uma decisão, ficamos indecisos. Cada vez que ela tenta representar nossa vontade, não estamos dispostos. Cada vez que ela tenta criar raízes, já partimos (porque já estamos aqui, em movimento).”
Fred Moten e Stefano Harney
A construção do conhecimento não é individual, linear ou meramente abstrata. Recusamos as categorias da modernidade e planejamos em marés de estudo. Partindo do trabalho de Elionice Sacramento, nos lançamos. Aprendendo a afetação com a poética negra feminista de Denise Ferreira da Silva, estudamos em movimento fugitivo, ressoando e escutando também Beatriz Nascimento. Assim, convocamos trabalhos que se afetem por e se movimentem com algumas das águas das marés de estudo:
assentamentos fugitivos; desafiando o valor e a propriedade; escrita e/ou o mapa como a tradução em linguagem; para/ontologias e territorialidades dissidentes; modernização e fugitividades; morte social e vida na morte política; desobediência epistêmica e in-disciplina; racializando a ecologia crítica; dimensões epistêmicas e psíquicas da violência racial; poéticas, performances e estéticas radicais; exercícios de fabulação crítica; rebeliões negras e rotas de fuga; territórios sônicos e a escuta dos objetos; marés de luta, marés de lançamento; variantar nas disputas por terra e território; genocídios negro, indígena e palestino; desurbanizando imaginários e práticas; des-envolvimentos; liberdade como prática cotidiana; Aprender e ensinar como ato de rebelião; fricções entre economia cultural negra e vida urbana; princípios espaciais africanos e negrodiaspóricos; o vivo em continuidade com os mundos invisíveis; arquivos orais, códigos sagrados e geografias espirituais ligadas ao habitat; cartografar, documentar e inventar paisagens de luta.
QUEM PODE ENVIAR PROPOSTAS?
Esta chamada é aberta a todes que se reconhecem nas provocações dos estudos negros e nas marés de estudo indicadas acima. Pesquisadoras, estudantes, artistas, técnicas populares, agentes culturais, coletivos, militantes, ativistas, pessoas independentes — com ou sem vínculo institucional — são bem-vindes.
COMO ENVIAR SUA PROPOSTA
Você pode enviar sua proposta por texto escrito ou áudio:
1. Proposta escrita
Um texto de até 1 página, com:
Nome(s) do(s) participante(s)
Título da proposta
Descrição da proposta e formato da apresentação (fala, oficina, partilha, performance, instalação, vídeo etc.)
Indicação das marés de estudo com as quais dialoga
Links para materiais de apoio ou trabalhos anteriores (opcional)
2. Proposta em áudio
Um áudio de até 3 minutos (equivalente à leitura de 1 página), com as mesmas informações acima.
SOBRE OS FORMATOS ACEITOS
Aceitamos partilhas de pesquisa, textos criativos, trabalhos multilinguagens, peças sonoras, instalações, filmes, oficinas, performances e outros formatos híbridos.
Para propostas de pesquisa ou texto criativo, após a seleção, solicitamos o envio do material completo para aqueles que desejarem incluí-lo na publicação posterior ao evento (máximo 15 páginas). Para trabalhos artísticos, também poderá ser enviado texto acerca do trabalho/processo para compor a publicação.
Para trabalhos audiovisuais, pode-se enviar o vídeo completo ou um trailer com sinopse. O trabalho não precisa ser inédito. Créditos, Stills e link para exibição podem compor com um texto/crítica material para a publicação.
Para oficinas, instalações ou formatos não convencionais, descreva como pretende apresentar/interagir com o público. Registros das oficinas ou performances podem também fazer parte da publicação final.
As contribuições poderão ser enviadas em Português, Inglês, Espanhol ou Francês.
ONDE ENVIAR
Submeta sua proposta no formulário
CRONOGRAMA
🌀 Lançamento da chamada: 14 de agosto de 2025
🌀 Submissão das propostas: até 29 de agosto de 2025
🌀 Divulgação das selecionadas: 05 de setembro de 2025
UMA ARTICULAÇÃO
Quilombo de Conceição de Salinas
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo UFBA
Projeto História da Disputa
Coletiva GIRA
NEGRAM – IPPUR – UFRJ
NeGRUFF – IEAR – UFF
Guará - Cultura e Natureza
Transatlântica
APOIO
Universidade Federal da Bahia -UFBA
PAEP Capes
Urban Institute of the University of Sheffield
Humanity’s Urban Future Program of the Canadian Institute for Advanced Research
Criemos espaços de saber, experimentação e escuta onde possamos estudar, viver e imaginar em comum.
Vamos nos encontrar?
✶ CALL FOR PROPOSALS ✶
International Encounter
Fugitive Planning and Black Studies:
Critical Experimentations
October 29 and 30, 2025
Federal University of Bahia (UFBA), Bahia – Brazil
Proposals due by August 29, 2025
Selected works announced on September 5, 2025
If, in opacity, difference cannot be consumed or extracted, maybe we can create a conceptual and poetic fiction in which “opaque” is one of the ways to say “quilombo,” and assume, thus, that the crossroads of Black life is located on a maze of tunnels that lead us from the cognitive plantation to the forest and from the forest to the fugitive settlement.
Jota Mombaça, in Cognitive Plantation
We invite researchers, artists, thinkers, creators, activists, militants, and people involved in black studies to submit proposals for the undisciplined encounter Fugitive Planning and Black Studies: Critical Experimentations. The encounter takes place at the Faculty of Architecture of the Federal University of Bahia (UFBA), with workshops, giras, panels, and other formats for collective sharing and creation. It is preceded by an immersive residency in the Quilombola Territory of Conceição de Salinas – a ‘maroon’ community near Salvador – composed of some of the organizers and invited guests.
We call for an atmosphere of coexistence and insurgency, seeking other forms and proposals in relation to the extractive character that insists on replicating itself in universities. The encounter is inspired by Beatriz Nascimento, Fred Moten and Stefano Harney's undercommons and Elionice Sacramento's launch tides, and calls for undisciplined practices that articulate knowledge, arts, politics, and territory, as ways of living and studying in a spiral alliance, as Leda Maria Martins teaches us. Our call is to
write space. How can we narrate-represent-fabulate what we want to be cared for and remain safe? Here we want to discuss the possibilities and impossibilities of representing space as something intertwined, continuous in relation to the living and non-living bodies that inhabit it. Taking writing and/or maps as the translation into language, words, and images of that which exists—the Thing—we invite you to exchange ideas about the dangers and delights of talking about territories, places, specialized bodies, and localized memories. How can we tell the world we inhabit and compose? How can we think from our bodies, places, and practices, entangled by the economy of knowledge, epistemic disobedience, and indiscipline? How do we un-develop and de-urbanize imaginaries?
fugitive settlements. How do we engage with the invention of (and with) forms-movements, ecologies, spaces, times, rhythms, and modes of existence (invented, improvised) within and beyond the geographies of subjection? How can we “variantar” in the tides of struggle for land and territory? Quilombos, black cities, poetics, performances, and radical aesthetics. Fugitive settlements that speak of a “black sense of place” and express multiple black geographies, a way of inhabiting that exceeds value and property, materially and imaginatively situating historical and contemporary struggles for the incessant affirmation and defense of life within and beyond mortality and subjection. Tides that advance, recede, and make many comebacks.
challenging extractivism and anti-Black infrastructure. Extractivist and anti-Black infrastructure policies are not univocal. Far from analyses and theories that tend to totalize Blackness in the diaspora as a mere experience of violence and social death, the histories of colonial and capitalist domination are punctuated by struggles, acts of escape, transgression, and evasion. So how do we collaborate to sustain the creative repertoires of practices of refusal that have challenged normative projects led by the state and capital? How can we confabulate and theorize existing actions that contest the norm of property and the political-legal-economic places conceived by and for the universal (white) subject?
cartographies of rebellion. How can we narrate and fabricate images of the world based on the Black insurrections that traverse fields, cities, and ports? How can we inscribe, on maps, in magazines, signs, and archives, stories that refuse erasure and affirm countercolonial practices in the agrarian and urban world? Black rebellions—visible and underground—continue to create their own geographies, escape routes, and territories of life, even under the weight of anti-Black violence and renewed forms of expropriation. We call for gestures of mapping, recording, and inventing landscapes of struggle that break with imposed borders, refuse to give in to “collective misfortune,” and point to worlds where freedom is an everyday practice.
insurgent schools. Learning and teaching as acts of rebellion. Schools made of rivers and oars, of cocoa plantations and knowledge of the land, of improvised classrooms and occupied universities, of headdresses that carry stories, of educational quilombos on the periphery, and of basic education that resists on the front lines of everyday violence. Spaces where pedagogy is not limited to curricula, but is invented in the tides, in markets, in retakes, in assemblies, and in circles. We call for experiences of collective teaching and learning and knowledge sharing that, in the face of anti-Black, indigenous, and popular violence, affirm reexistence: practices of fugitivity that escape, confront, and recreate worlds. Here, learning is conspiring; teaching is weaving futures.
STUDY TIDES
Every time it tries to enclose us in a decision, we’re undecided. Every time it tries to represent our will, we’re unwilling. Every time it tries to take root, we’re gone (because we’re already here, moving)”
Fred Moten and Stefano Harney
The construction of knowledge is not individual, linear, or merely abstract. We reject the categories of modernity and we plan in study tides. Drawing from the work of Elionice Sacramento, we launch ourselves. Learning affectation from the black feminist poetics of Denise Ferreira da Silva, we study in a fugitive movement, also listening to and resonating with the work of Beatriz Nascimento. Thus, we call for works that are affected by and move through the following ideas:
fugitive settlements; challenging value and property; writing and/or maps as translation into language; para/ontologies and dissident territorialities; modernization and fugitivities; social death and life in political death; epistemic disobedience and in-discipline; racializing critical ecology; epistemic and psychic dimensions of racial violence; radical poetics, performances, and aesthetics; critical fabulation exercises; Black rebellions and escape routes; sonic territories and listening to objects; tides of fight, tides of launch; ‘variantar’ in disputes over land and territory; Black, Indigenous, and Palestinian genocides; de-urbanizing imaginaries and practices; un-developments; freedom as everyday practice; learning and teaching as acts of rebellion; frictions between Black cultural economy and urban life; African and Black diasporic spatial principles; the living in continuity with invisible worlds; oral archives, sacred codes, and spiritual geographies linked to habitat; cartographing, recording, and inventing landscapes of fight.
WHO CAN SUBMIT PROPOSALS?
This call is open to anyone who identifies with the provocations of Black studies and the study tides indicated above. Researchers, students, artists, popular assistants, cultural agents, collectives, activists, independent individuals—with or without institutional ties—are welcome.
HOW TO SUBMIT YOUR PROPOSAL
You can submit your proposal in written text or audio format:
1. Written proposal
A text of up to 1 page, including:
Name(s) of participant(s)
Title of the proposal
Description of the proposal and presentation format (talk, workshop, sharing space, performance, installation, video etc.)
Indication of the study tides with which it dialogues
Links to supporting materials or previous work (optional)
2. Audio proposal
An audio file of up to 3 minutes (equivalent to reading 1 page), with the same information as above.
ABOUT ACCEPTED FORMATS
We accept research sharing spaces, creative texts, multilingual works, sound pieces, installations, films, workshops, performances, and other hybrid formats.
For research proposals or creative writing, after the selection, we ask that you send us the complete material if you wish to include it in the publication following the event (maximum 15 pages). For artistic works, you may also send a text about the work/process to be included in the publication.
For audiovisual works, you may send the complete video or a trailer with a synopsis. The work does not need to be unpublished. Credits, stills, and links for viewing may be included with a text/review for publication.
For workshops, installations, or unconventional formats, please describe how you intend to present/interact with the audience. Recordings of workshops or performances may also be included in the final publication.
Contributions may be submitted in Portuguese, English, Spanish, or French.
WHERE TO SUBMIT
Submit your proposal using the form
SCHEDULE
🌀 Call for proposals: August 14, 2025
🌀 Submission of proposals: until August 29, 2025
🌀 Announcement of selected proposals: September 5, 2025
A COLLABORATION
Quilombo de Conceição de Salinas
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo UFBA
Projeto História da Disputa
Coletiva GIRA
NEGRAM – IPPUR – UFRJ
NeGRUFF – IEAR – UFF
SUPPORT
UFBA
PAEP Capes
Urban Institute of the University of Sheffield
Humanity’s Urban Future Program of the Canadian Institute for Advanced Research
Let’s create spaces for knowledge, experimentation, and listening where we can study, live, and imagine together.
Shall we meet there?
fale com a gente
dúvidas, questões e sugestões podem ser enviadas aqui